Filmes de Plástico, produtora de ‘Marte Um’, faz 15 anos e lança distribuidora própria

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LEONARDO SANCHEZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

São 15 anos desde que os quatro sócios fundadores da Filmes de Plástico, produtora mineira de longas como “Marte Um” e “No Coração do Mundo”, decidiram fazer de sua paixão um trabalho. Neste mês, o selo que fundaram celebra seu aniversário e também a consolidação enquanto queridinho do circuito de festivais brasileiro.

Não são apenas festas que marcam a data. Ela será de muito trabalho, em especial porque o quarteto se prepara para lançar uma distribuidora própria, a fim de dar vazão aos seus longas e aos de outras produtoras menores.

Eles também preparam retrospectivas de seu cinema, ainda com datas e detalhes a serem definidos, bem como quatro longas e sua primeira série de televisão. Para dar a largada na distribuidora própria, escolheram “O Dia que Te Conheci”, com estreia no segundo semestre.

“Esse passo vem de uma vontade de tomar decisões por nós mesmos, sobretudo para podermos fugir daquilo que é considerado correto dentro do que se espera na distribuição de um filme nacional”, diz Thiago Macêdo Correia, que integra o grupo. “É uma aventura e, ao mesmo tempo, um sonho muito concreto, que fazia sentido para o nosso momento atual.”

Depois, a Malute, como será chamada, deverá se encarregar de distribuir “O Último Episódio”, um “coming of age”, isto é, um filme sobre amadurecimento. Em finalização, deve ser carregado de nostalgia noventista, mas num contexto incomum ao gênero, já que será ambientado na periferia.

“Se Eu Fosse Vivo… Vivia”, que começa a ser gravado nas próximas semanas, e “Vicentina Pede Desculpas”, a ser rodado ainda neste ano, completam a safra de longas-metragens, misturando gêneros, no caso do primeiro, e mergulhando num drama social, no segundo, para falar de luto.

O tema se repete, mas com humor, em “O Natal dos Silva”, série em parceria com o Canal Brasil que levará cinco episódios de meia hora cada à televisão no ano que vem, mostrando as festas de fim de ano de uma família que acaba de perder a sua matriarca.

Questionados se a decisão por produzir a série veio por uma pressão do mercado, que agora se volta mais ao formato para abastecer plataformas de streaming, eles dizem que não, que a Filmes de Plástico segue, em essência, fazendo os projetos que lhe convêm.

“‘Marte Um’, por exemplo, se tornou um microparadigma para o streaming. Netflix e Globoplay passaram a ver esse tipo de filme como algo a se fazer. Mas esse era um entendimento que não existia antes, não foi pensando nisso que o fizemos”, diz Correia sobre o drama que foi o vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e do Sesc Melhores Filmes.

No longa, conhecemos uma família de classe média baixa com questões que atravessam a realidade de boa parte dos brasileiros –conflitos geracionais, problemas financeiros, desentendimentos conjugais, a síndrome do ninho vazio e muitas outras. Assim, gerou conexão com boa parte dos espectadores, levando o público do penúltimo Festival de Gramado às lágrimas e sendo escolhido como representante do Brasil no Oscar, embora não tenha conseguido a vaga.

A direção é de Gabriel Martins, outro pedaço do quarteto da Filmes de Plástico. A ele e a Correia, o único que só produz, se juntam os diretores André Novais Oliveira e Maurilio Martins, num coletivo que colabora entre si por essência.

Com sua autoria compartilhada, o cinema da Filmes de Plástico tem características fortes que unem todos os 25 longas e curtas lançados até agora. Criados em Contagem, os produtores-diretores tomam a cidade da região metropolitana de Belo Horizonte como cenário, fazendo deste microcosmo um espelho da sociedade brasileira e um púlpito para discussões sociais, sempre presentes.

Em “Temporada”, de 2018, por exemplo, André Novais Oliveira acompanha uma funcionária da área da saúde que se muda para a periferia de Contagem, onde trabalha no combate de endemias, enquanto atravessa problemas matrimoniais.

“No Coração do Mundo”, do ano seguinte e com direção de Gabriel Martins e Maurilio Martins, esta mesma periferia serve de morada para um rapaz que vive de bicos e pequenos delitos, e que convence a namorada a participar de seus esquemas criminosos.

Mas o quarteto não pretende ficar restrito a Contagem, por mais que seus filmes tenham contribuído para apresentar novas paisagens ao cinema nacional, tão concentrado nas grandes capitais. “Nunca houve uma reunião para filmarmos só ali. Surgimos lá, então foi algo natural, mas isso nunca foi uma restrição, então os projetos nascem do jeito que têm que nascer”, diz Gabriel.

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