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“É uma notícia terrível. Tenho certeza de que o coágulo (se houve algum) é consequência direta das 27 punições”, escreveu o editor do Nóvaya Gazeta, que foi banido da Rússia. O jornalista, declarado agente estrangeiro pelo Kremlin, motivo pelo qual deixou temporariamente a direção do jornal, afirmou que nessas prisões há privação de mobilidade, comida de baixa caloria, falta de ar e frio constante.
“Alexei Navalni foi submetido a torturas e tormentos durante três anos. Como o médico de Navalni me disse: o corpo não pode suportar isso”, enfatizou. “Todo o pessoal médico que trabalha na prisão deve obrigatoriamente ter câmeras. Exigiremos que forneçam as imagens: quando os médicos chegaram, como foi prestado o socorro, se todas as possibilidades para salvá-lo foram esgotadas”, destacou.
Navalni morreu nesta sexta-feira, 16, aos 47 anos em uma prisão do Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos, um mês antes das eleições que devem consolidar no poder o presidente Vladimir Putin.
As autoridades russas revelaram poucos detalhes das circunstâncias da morte, limitando-se a um comunicado que menciona esforços para reanimar o opositor. “Em 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário N°3, o prisioneiro Navalni A.A. passou mal após uma caminhada e quase imediatamente perdeu a consciência”, afirmou o serviço penitenciário da região ártica de Yamal em um comunicado.
“Todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não apresentaram resultados positivos”, acrescenta a nota.
O ativista estava detido desde sua condenação por “extremismo” e cumpria pena de 19 anos de prisão em uma colônia penal remota do Ártico. Os vários processos contra ele foram denunciados como perseguição política e uma estratégia de punição por sua oposição ao presidente Vladimir Putin.
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O presidente russo – que nunca pronunciou o nome de Navalni – foi informado sobre o falecimento, indicou seu porta-voz, Dmitri Peskov.
O opositor enfrentou vários problemas de saúde relacionados a uma greve de fome e ao envenenamento que sofreu em agosto 2020 na Sibéria, em plena campanha para as eleições regionais. Ele precisou ser levado para a Alemanha, quando estava à beira da morte, para receber tratamento, uma decisão autorizada pelo Kremlin. Embora soubesse que a detenção o aguardava, Navalni decidiu regressar à Rússia e foi preso em janeiro de 2021 no aeroporto.
Nas audiências de seus processos nos últimos meses, nas quais participou por vídeo, Alexei Navalni apareceu muito mais magro e frágil. Leonid Soloviov, um dos advogados de Navalni, declarou ao Novaya Gazeta que o opositor estava normal quando um de seus representantes o visitou na quarta-feira. “Por decisão da família de Alexei Navalni, não vou fazer nenhum comentário. Agora estamos organizando tudo”, disse.
EUA dizem que Rússia é responsável
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As principais potências ocidentais, começando pelos Estados Unidos e incluindo Alemanha, França e Reino Unido, lamentaram a morte Navalni. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a Rússia terá que responder a perguntas sérias sobre a morte.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, afirmou que a Rússia é responsável pela morte, uma opinião compartilhada pela União Europeia.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, declarou que Putin deve “prestar contas por seus crimes”. Durante o julgamento, Navalni descreveu a operação militar russa na Ucrânia como “a guerra mais estúpida e insensata do século XXI”.
“Eu gostaria que Putin, todo seu pessoal, todo seu entorno, todo seu governo, seus amigos, saibam que serão punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. Comparecerão diante da Justiça e esse dia chegará em breve”, declarou Iulia Navalnaia durante uma cúpula sobre segurança em Munique, na Alemanha.
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“Queria lançar um apelo à comunidade internacional, a todos os povos do mundo, para que se unam e lutem contra esse mal, contra esse regime horrível que agora assola a Rússia, e para que esse regime e Vladimir Putin sejam considerados pessoalmente responsáveis por todas as atrocidades cometidas em nosso país durante esses últimos anos”, disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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