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País investiga o incidente com um Boeing da Alaska Airlines; o pedaço da aeronave foi encontrado na casa de um professor
Na 6ª feira (5.jan.2024), uma explosão em uma seção do avião Boeing 737 MAX 9, da companhia Alaska Airlines, nos EUA, fez uma das portas da aeronave ser ejetada. O episódio causou uma descompressão durante o voo.
O incidente foi registrado quando o avião estava a cerca de 16.000 pés e com apenas 10 minutos de voo. Na configuração usada pela Alaska Airlines, a porta de saída adicional (que em outras companhias é usada como saída de emergência) fica permanentemente desativada.
Ninguém estava sentado nos 2 assentos próximos à porta que explodiu, deixando um buraco na fuselagem do avião. Vídeo que circula nas redes sociais mostra o interior do avião e um buraco do lado esquerdo.
Assista (1min14s):
A aeronave havia decolado de Portland com destino a Ontário, uma cidade na Califórnia (que é homônima da província canadense de Ontário). O piloto fez um pouso de emergência, mas não houve registro de pessoas que tenham ficado feridas. Segundo a Alaska Airlines, o voo voltou em segurança para Portland. Haviam 171 passageiros e 6 tripulantes a bordo.
Investigadores federais dos Estados Unidos iniciaram a apuração sobre o episódio no domingo (7.jan). Segundo a presidente do NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA, na sigla em inglês), Jennifer Homendy, esse tipo de incidente poderia ter tido um resultado muito pior, causando muitas mortes. “Temos muita sorte de que isso não tenha terminado em algo mais trágico”, disse.
Homendy também anunciou no domingo (7.jan) que a porta ejetada do avião foi localizada por um professor de Portland, no Estado de Oregon, identificado como Bob. Ele encontrou a peça no quintal de sua casa.
Ela afirmou que a equipe envolvida nas investigações “vai querer olhar” todos os componentes da porta para ver marcas, transferência de tinta e como ela ficou depois da explosão. Segundo ela, esses componentes podem “dizer muito sobre o que aconteceu”.
No sábado (6.jan), o canal VAS Aviation, que monitora o tráfego aéreo, divulgou o áudio da comunicação entre o Boeing 737 MAX 9 da companhia Alaska Airlines.
“Estamos declarando emergência”, diz integrante da equipe de pilotos que estava no avião. “Ficamos despressurizados”, completa, acrescentando que a aeronave precisa retornar a Portland.
A controladora que atendeu ao chamado orientou o avião a ir na direção de Portland e entrar em contato com o controle de aproximação de aeronaves do aeroporto da cidade.
O controlador de Portland pergunta se a aeronave precisa jogar combustível fora para que fique mais leve na aterrissagem. Com a resposta negativa, são iniciados os procedimentos para o pouso de emergência.
Assista à trajetória do avião e ouça o áudio (4min5s):
Também no sábado (6.jan), a agência norte-americana FAA (Administração Federal de Aviação, na sigla em inglês) determinou a suspensão temporária de voos com aviões Boeing 737 Max 9.
A decisão vale para os 171 jatos do modelo operadas por companhias aéreas americanas ou por empresas estrangeiras dentro do território dos Estados Unidos até que seja realizada uma inspeção.
A determinação foi publicada no site da agência (íntegra em inglês – 167 kB). Segundo a Diretoria de Aeronavegabilidade de Emergência da FAA, as inspeções levarão cerca de 4 a 8 horas por avião.
COMPANHIAS SUSPENDEM JATO
A Alaska Airlines foi a 1ª a decidir suspender a operação de todos os seus 65 aviões Boeing modelo 737 Max 9 para inspeções de segurança.
Não há nenhum Boeing do modelo 737 Max 9 em operação por companhias aéreas brasileiras, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
No entanto, há uma empresa estrangeira que faz voos para o Brasil usando o jato: a panamenha Copa Airlines, que usa o avião para as rotas de São Paulo e Rio rumo ao Panamá e Caribe. A empresa também suspendeu as operações com o modelo.
HISTÓRICO DE PROBLEMAS
O incidente no voo da Alaska Airlines é apenas o mais recente de uma série de problemas e acidentes fatais que afetaram o Boeing 737 MAX. O modelo foi lançado em 2011 pela fabricante norte-americana como uma nova geração do bem-sucedido 737, um dos mais usados pelas companhias aéreas no mundo.
O MAX veio com uma promessa de economia de 20% em combustível e maior disponibilidade de assentos. A Boeing já lançou 4 versões do modelo:
- 737 MAX 7 – máximo de 172 passageiros
- 737 MAX 8 – máximo de 210 passageiros
- 737 MAX 9 – máximo de 220 passageiros
- 737 MAX 10 – máximo de 230 passageiros
A única versão do 737 MAX que é usada por uma companhia brasileira é a 8. A GOL conta com 40 aviões do modelo em sua frota. A empresa tem encomenda de pelo menos 30 jatos MAX 10, que só devem ser entregues a partir de 2025 segundo o cronograma contratual.
A 3ª versão (MAX 8) coleciona mais questionamentos de segurança. Em 2018 e 2019, foram registrados 2 acidentes envolvendo aeronaves o modelo, que mataram ao todo 346 pessoas. Foram eles:
- 1ª queda: registrada em outubro de 2018, na Indonésia, deixando 189 mortos;
- 2ª queda: registrada em março de 2019, na Etiópia, matando 157 pessoas.
Por causa disso, centenas de aviões deste modelo em todo o mundo foram proibidos de voar durante mais de 1 ano e meio, enquanto inspeções e investigações eram realizadas para identificar os problemas.
Em setembro de 2020, o relatório de uma investigação do Congresso dos EUA concluiu que “a pressão competitiva, as falhas de design e uma cultura de encobrimento” por parte da Boeing, além de uma regulação da FAA “fundamentalmente falha” provocaram as tragédias.
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