Dengue tem tudo a ver com calor, mostra pesquisa em MG

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Após analisar dados coletados em cidades de Minas Gerais por quase 10 anos, pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) descobriram que há uma relação direta entre a temperatura mínima de uma região com o número de casos de dengue. Em locais mais quentes, infecções da doença são mais comuns.

As cidades mineiras com a média de temperaturas mínimas diárias de 21,2 ºC tiveram mais casos da doença, transmitida pelo mosquito da dengue, em comparação aos municípios mais frios. No total, 38 microrregiões do estado foram analisadas. 

Anteriormente, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demonstraram que o calor intenso e o desmatamento são responsáveis, em partes, pela explosão de casos de dengue no Brasil, já que facilitam a proliferação do vetor, o mosquito da dengue. 

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Mais calor, mais dengue

Publicado na revista científica Cadernos de Saúde Pública, o estudo que correlaciona a intensidade dos casos de dengue com temperaturas mínimas mais elevadas usou duas principais fontes de dados:

  • O número oficial de casos de dengue, registrados no DataSUS, durante os anos de 2010 e 2019;
  • Os dados do clima medidos pelo European Centre for Medium-Range Weather Forecasts, referentes ao mesmo período.

Após cruzar os dados, os cientistas descobriram que as regiões mineiras com média de temperaturas mínimas diárias de 11,6 ºC a 13,7 ºC — o que engloba o frio moderado e extremo — relataram menos casos de dengue. Por outro lado, 21,2 ºC parece favorecer a proliferação da infecção.

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Por que o frio afasta o mosquito da dengue?

Segundo os pesquisadores, os resultados demonstram o fato de que a temperatura do local influencia o desenvolvimento da larva e do mosquito Aedes Aegypti. Sabe-se que a temperatura ideal para o inseto varia entre 16 ºC e 34 ºC. Com temperaturas menores que 8 ºC, as larvas morrem em poucos dias.

Combatendo o mosquito da dengue

“A dengue é uma doença sazonal, mas cíclica [acontece de tanto em tanto tempo mais ou menos no mesmo período]. Sabemos que ela vai acontecer em algumas épocas do ano, mas é difícil saber como ela vai se comportar epidemiologicamente”, explica João Pedro Medeiros Gomes, pesquisador da Ufjf e coautor do estudo, para a Agência Bori.

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Se ainda não é possível controlar as temperaturas médias de uma região — algo ainda mais complexo considerando a liberação em massa de dióxido de carbono a partir da ação humana —, dá para acompanhar os termômetros e usá-los como um sinal de alerta precoce.

“Ao influenciar as temperaturas, as mudanças climáticas podem ter impacto na incidência da doença, mas elas não vão ‘gerar’ a dengue”, lembra o pesquisador. A disseminação do mosquito também depende de outros fatores, como urbanização desorganizada e intensa ou ainda falta de coleta de lixo.

Por isso, quando a temperatura mínima de uma região estiver mais elevada que o normal, as autoridades poderiam investir em campanhas de conscientização sobre a doença e ações para impedir os criadouros, a partir deste sinal de alerta. Já existem táticas inovadoras em testes no país, como o uso de drones, no controle do vetor. Isso contribuiria e muito no combate à doença.

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Fonte: Agência Bori  

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