O que se sabe até agora sobre a morte de Marielle Franco

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Seis anos após o crime, a Polícia Federal prendeu neste domingo (24) três suspeitos apontados como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes.

A operação da PF ocorreu após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre Moraes homologar a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, que confessou ser o executor do crime. De acordo com informações de investigadores, a colaboração de Lessa foi essencial para determinar os mandantes.

Foram presos são o deputado federal Chiquinho Brazão, o irmão dele, o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio) Domingos Brazão, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio. Eles negam envolvimento no crime.

Saiba o que foi dito pelos investigadores sobre o envolvimento dos suspeitos:

DOMINGOS E CHIQUINHO BRAZÃO

Domingos Brazão foi citado no processo ainda no primeiro ano das investigações, em 2018. Naquela época, a suspeita era de que ele tentava obstruir as investigações.

Chiquinho mantém influência no Rio de Janeiro e tem indicados na Prefeitura da capital e no governo estadual. Tem também representantes na Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa fluminense, Câmara Municipal da capital e de São João de Meriti.

Ambos foram apontados por Ronnie Lessa como mandantes da morte de Marielle.

Possível motivação

A PF afirma que divergências de Marielle na Câmara Municipal a projetos de autoria do então vereador Chiquinho Brazão prevendo a regularização de terrenos e construções ilegais nas zonas oeste e norte do Rio, “encontram-se no cerne da motivação do crime”.

Segundo a PF, Lessa relatou ter ouvido queixas de Domingos Brazão a respeito da atuação de Marielle em áreas de interesse da família.

A polícia, contudo, relata que o ex-PM afirma existir a possibilidade de que um informante do grupo político tenha “superdimensionado” a atuação de Marielle no tema.

RIVALDO BARBOSA

É apontado pela PF, com base na delação de Lessa, como suspeito de ter arquitetado as execuções com os irmãos Brazão. Rivaldo nega as acusações e se diz inocente.

O delegado assumiu a direção da Divisão de Homicídios em outubro de 2015 e ficou até março de 2018, quando foi nomeado chefe da Polícia Civil, cargo que ocupou até 2019, com o fim da intervenção federal no Rio.

Segundo os investigadores, Rivaldo chefiava uma organização criminosa na Polícia Civil suspeita de cometer crimes variados, como corrupção, obstrução, tráfico de influência, fraudes processuais e abuso de autoridade.

Atuação no caso

Rivaldo teria agido para obstruir as investigações. No dia seguinte ao assassinato, já como chefe da Polícia Civil, anunciou a nomeação do delegado Giniton Lages para presidir as investigações.
Ginilton, segundo a PF, dificultou as diligências a pedido do superior. Ele foi afastado de suas funções neste domingo e nega as acusações.

A PF diz ainda que Rivaldo negou auxílio federal no início das investigações. Isso teria motivado um embate com a então procuradora da República Raquel Dodge, que chegou a pedir a mudança de competência das investigações por suspeita de obstrução no Rio de Janeiro.

OUTROS ENVOLVIDOS – MEDIDAS CAUTELARES

A esposa de Rivaldo e outros agentes da polícia alvos de mandados de busca e apreensão devem usar tornozeleira eletrônica. Eles também tiveram suspensos passaportes, porte de arma e cargo público.

GINITON LAGES

O que diz a PF: Então chefe da delegacia de homicídios, foi escolhido por Rivaldo Barbosa para conduzir investigações do caso Marielle. Teria tentado desviar o foco da apuração, inserido testemunha falsa e atuado de forma negligente, por exemplo, para obter imagens de circuitos de segurança de locais próximos ao crime.

O que diz a defesa: Lages disse à Folha de S.Paulo que nunca recebeu orientação de Rivaldo para deixar de investigar alguém e que sempre contou com independência.

MARCO ANTÔNIO DE BARROS PINTO (MARQUINHO DH)

O que diz a PF: Comissário de polícia, ele seria ‘agente de campo’ de Rivaldo e Giniton. A corporação afirma que o agente foi ‘fundamental’ para obstruir a investigação, ainda que não tenha participado do planejamento do crime.

O que diz a defesa: Não foi localizada.

ÉRIKA ANDRADE DE ALMEIDA ARAÚJO

O que diz a PF: Mulher de Rivaldo, a advogada seria laranja do marido em empresas de fachada para receber ‘vantagens’ de corrupção e do acobertamento dos crimes. Investigação cita saques e depósitos de valores em espécie que podem estar ligados a crimes.

O que diz a defesa: Não foi localizada.

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