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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “A ivermectina trata a dengue?”, pergunta Robert nesta quarta-feira (7) no canal “Ivermectina & Saúde”, no Telegram. Marisa, outra usuária, responde que “alguns médicos estão tratando [a dengue] com sucesso” a partir do uso do medicamento. No grupo, os usuários compartilham suas dúvidas sobre a eficácia da vacina contra a dengue e certezas sobre o remédio que trata infestações por parasitas é eficaz contra a doença.
No mesmo canal, Isabele diz que entendeu “por que aumentou tanto o preço da ivermectina” na sua região. “Todo mundo está comprando porque muitos médicos estão divulgando nas redes e receitando”, escreveu.
No X (ex-Twitter), o usuário Ricardo Zimerman pede aos colegas que “considerem com carinho ivermectina + atorvastatina + montelucaste” para tratar dengue. “Potencial para redução da carga viral e da progressão para dengue hemorrágica e, como é típico com fármacos reposicionados, segurança conhecida, baixo custo e ampla disponibilidade na rede”, escreve.
O Ministério da Saúde, porém, divulgou nesta semana que não reconhece “qualquer protocolo” que inclua a ivermectina para o tratamento da dengue, e que o medicamento não é eficaz em diminuir a carga viral da doença.
O posicionamento oficial foi emitido para esclarecer boatos de que a medicação seria efetiva contra o vírus. O conteúdo enganoso foi compartilhado por perfis com milhares de seguidores em redes sociais como Facebook e X.
“A narrativa falsa foi divulgada em alguns perfis de profissionais da saúde, inclusive com repercussão na mídia, mas sem nenhum dado ou fonte que comprove a afirmação”, diz nota da pasta.
O medicamento, um antiparasitário, chegou a ser defendido em meio à pandemia da Covid como parte de um tratamento precoce contra a doença, mesmo sem eficácia comprovada. Agora, diante do aumento expressivo dos casos de dengue em todo o país, voltou a ganhar espaço na rede como possível solução para a doença a despeito da falta de evidências científicas.
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A SBMT (Sociedade Brasileira de Medicina Tropical), que recentemente publicou novo guia de manejo clínico da dengue, endossa o posicionamento do ministério: não existem evidências científicas para o uso da ivermectina contra a doença.
“Existem alguns estudos in vitro que indicaram alguma ação [do medicamento], mas um ensaio clínico recente demonstrou que não há benefício clínico, como melhora de sintomas. Infelizmente não temos nenhum tratamento efetivo no momento”, afirma o médico infectologista André Siqueira, pesquisador da Fiocruz e vice-presidente da SBMT.
A entidade, assim como o Ministério da Saúde, alerta para o risco de disseminação de informações falsas, sobretudo em meio a cenário epidemiológico como o atual.
“Essas informações falsas desviam o foco do que deve ser realizado, assim como aconteceu na Covid, com pessoas deixando de identificar sinais de gravidade e tomar precauções por acreditarem que estavam protegidas”, alerta o especialista.
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No caso da dengue, o tratamento é baseado no manejo dos sintomas e hidratação vigorosa. Especialistas alertam para a importância de se buscar avaliação médica quando forem identificados sintomas, já que a doença pode evoluir rapidamente para a sua forma grave. Medicações contraindicadas, como aspirina e anti-inflamatórios, podem levar a complicações hepáticas.
A dengue tradicional é caracterizada por sintomas como febre, mal-estar e dores nas articulações e atrás dos olhos, e costuma atingir com mais gravidade idosos e crianças pequenas.
Para controle epidemiológico, a principal medida é a redução dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus.
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